A política do café com leite, entenda!

Em Dicas de estudos por André M. Coelho

A república brasileira é relativamente recente, mas contém uma vastidão de história para quem quer conhecer melhor a política nacional. Logo após o fim da monarquia, passamos por um momento de amadurecimento da república que teve algumas etapas, dentre elas a República da Espada e a política do café com leite.

A República da Espada

Em 1889, o Brasil deixou de ser uma monarquia e se tornou uma república federal. Após a proclamação da República no poder, seguiram-se dois presidentes militares, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, ambos marechais. Este breve período republicano ficou conhecido como a República da Espada. Logo em seguida, foi eleito o primeiro presidente civil da história republicana do Brasil, Prudente de Morais.

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A história republicana brasileira começou marcada por acordos entre as elites das principais províncias do país, Minas Gerais e São Paulo, na época em que as unidades dos estados da federação ainda não haviam sido convocadas. O fato de o Brasil se tornar uma República Federativa permitiu que as províncias pudessem gozar de maior poder político, e isso foi diretamente representado por seu potencial econômico.

Antes política do café com leite

Na última década do século XIX, Minas Gerais e São Paulo eram as duas principais províncias do país em termos econômicos. São Paulo já havia estabelecido um estado independente de trabalho escravo há muito tempo, mas cerca de metade do reinado dos agricultores da província de Dom Pedro II já acreditava que o uso do trabalho manual era obrigatório e defendiam um trabalho assalariado desatualizado e também o uso de imigrantes na fazenda para substituir os escravos. Essas características os tornaram contrários à monarquia e aos defensores do movimento republicano. Além disso, esses fatos tornam-se também a província de São Paulo muito forte política e economicamente no início do período republicano.

Minas Gerais, por outro lado, embora demorasse um pouco mais do que São Paulo para acreditar que o trabalho escravo não era mais vantajoso e atrasando consecutivamente o uso do emprego de mão-de-obra de imigrantes, era uma província do mesmo tamanho que São Paulo em questões políticas e econômicas. Além disso, ambas as províncias representavam os maiores votos eleitorais da época, porque naquele momento o voto não era um privilégio de todos, apenas os alfabetizados, o que tornava elegível o contingente mínimo da população brasileira.

Política do café com leite

A política do café com leite marcou o início da República Brasileira com a troca de presidentes entre mineiros e paulistas. (Foto: The Brasilians)

O início da política do café com leite

Em seguida, foi oficialmente estruturada durante a administração do Presidente Campos Sales (1898-1902), denominada Política do Café com Leite. De acordo com o mesmo, São Paulo, indicado como o maior produtor de café do país, Minas Gerais, o maior produtor de leite do país, unem suas forças políticas e econômicas para controlar o cenário político brasileiro através de um revezamento no poder dos presidentes.

Assim, haveria um paulista e agora seria um mineiro. Pesquisas atuais indicam que a repetição por várias décadas como base para nomear esse motivo de política não é bem fundamentada. Na verdade, Minas Gerais também era um grande e importante produtor de café, superando até a produção de leite.

Durante muito tempo, os políticos se revezaram na presidência do Partido Republicano Paulista ou do Partido Republicano Mineiro, ambos controlando as eleições, tendo o número mais alto no banco do Congresso e o maior curral eleitoral. Suas articulações foram informadas disso com o apoio de elites de outras províncias.

Para garantir o resultado da maneira desejada pelos articuladores nas eleições da Política Café com Leite, foram utilizadas como ferramentas coronelismo e política dos governadores, dentre outras. Naquela época, a votação não era secreta e cada coronel controlava em quem as pessoas votariam.

Os coronéis deram seu apoio aos governadores, que apoiaram o presidente e ambos permitiram o poder contínuo dos coronéis. Assim, formou um governo oligárquico, que tinha acesso ao poder apenas àqueles que faziam parte do grupo dominante.

O fim da política do café com leite com a Revolução de 30

A política do café com leite terminou com o presidente Washington Luís (1926-1930). Era paulista e decidiu apoiar na próxima eleição outro candidato paulista, Júlio Prestes, o que quebrou o pacto entre mineiros e paulistas de revezamento.

Como houve descontentamento dos mineiros, estes se reuniram com políticos do Rio Grande do Sul e liberaram outro candidato à presidência, mas foram derrotados porque o grupo de paulistas fraudou mais as eleições, como era de se esperar. Os mineiros não esperavam que o presidente eleito assumisse o cargo e organizou um golpe que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930.

Ficou alguma dúvida para estudar a política do café com leite? Deixem nos comentários suas perguntas!

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

André é formado em pedagogia, já tendo dado aulas na educação infantil e atuado como professor e coordenador de cursos de inglês. Entendendo como funciona o processo de aprendizagem, decidiu escrever para o blog Provas Discursivas. Assim, compartilha postagens sobre métodos de estudo, provas, redações, escrita, concursos e muito mais para ajudar seus leitores a aprenderem.

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